9 de out. de 2012

O que freiras, professores e publicitários tem em comum?

Essa é uma comparação que nunca teria feito se não fosse por estímulo do curso que mais ministro hoje em dia: Aprenda a Falar em Público e Fazer Apresentações.

A cada nova turma percebo um interesse crescente de tipos de público que não imaginaria trabalhar e os três casos estão incluídos nesta reflexão.

Não sei dizer qual o mais surpreendente. Então vou começar a descrever a experiência mais curiosa: o curso para freiras. Por duas ocasiões fui chamada por uma Congregação Católica em Pernambuco para ensinar técnicas oratória para noviças e madres que tinham o desejo de se expressar melhor diante de outras pessoas.

O interesse das religiosas tem uma razão bastante fundamentada e fácil de entender: Elas precisam saber se comunicar com eficiência com professores e pais de alunos das escolas que dirigem ou ajudam. E já perceberam, até porque ninguém nem faz mais questão de disfarçar segundo contam, o quanto cada vez que elas começam a falar em uma reunião, as pessoas bocejam, pegam o telefone ou simplesmente saem da sala. Muitas vezes, sentem que falam sozinhas.

Os estudantes e profissionais de comunicação, seja de publicidade, propaganda ou jornalismo também tem se tornado um público recorrente. Quebrando o pensamento óbvio que quem escolhe uma área como esta é porque já tem vocação para falar e escrever bem, eles chegam para as aulas deixando claras as dificuldades de vencer a vergonha, a insegurança ou o medo da desaprovação no momento de falar em público. No trabalho ou na faculdade, quando falam, percebem que gostariam de "ter se saído melhor", "ter falado com mais clareza", "não ter tido tantos brancos"ou "não ficar repetindo expressões como ééééééé", por exemplo.

Os professores ao mesmo que me surpreendem também solidificam algo que tenho constatado em todos os tipos de públicos: são pessoas com dificuldades de se comunicar como qualquer outra. São profissionais que lidam eminentemente com a fala, mas pouco tem consciência de como anda a qualidade desta comunicação oral, como se expressam também com o corpo ou quanto o tom de voz pode passar mensagens ocultas, porém ao mesmo tempo óbvias, sobre o seu estado emocional.

Essa breve reflexão, que ainda tem muito campo para ser aprofundada, me permite enxergar o quanto temos em comum no campo da expressão, independentemente da nossa área de atuação. Queremos a mesma coisa: ser bem reconhecidos, valorizados e avaliados por nossas competências, não importa qual seja. Precisamos nos comunicar, sabemos que podemos fazer melhor, mas temos dificuldade em entender o que pode e precisa ser melhorado e como conseguir esse objetivo.

Oportunidade talvez seja a palavra-chave que indique o caminho que pode ser percorrido para que todos se expressem da melhor maneira possível. É preciso criar mais chances para que a gente consiga perceber como nos comunicamos, falamos ou deixamos de dizer algo importante. Como e porquê os outros tem a capacidade de perceber até o que não dizemos e fazemos questão de esconder.




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