18 de mar. de 2013

A educação emocional é uma das habilidades mais importantes para o século XXI

O que você sabe a respeito das suas próprias emoções tem influência direta em como você se relaciona com as outras pessoas e na qualidade da sua comunicação. Parece óbvio? Sim, mas a questão é que a própria ciência está trabalhando para avançar nestas descobertas apenas recentemente.

Durante o evento realizado pela UFPE e pleo Instituto de Formação Humana tive a oportunidade de conversar alguns instantes com o pesquisador Mark Greenberg - professor titular da Universidade da Pensilvânia e co-autor do currículo PATHS- sobre educação emocional e relacional para a educação infantil.

O evento chamado A CONDIÇÃO HUMANA: Olhares da Espiritualidade, Saúde e Tecnologia aconteceu no final do ano passado, mas ainda não tinha colocadonada  aqui no blog. Hoje resolvi compartilhar a conversa e também a tradução (que pode ser lida abaixo).

O foco da entrevista foi a área da educação. 

Meu inglês estava bem enferrujado, então perdoem os erros de pronúnica, ok?

Para mais informações, acesse o site do IFH - www.formacaohumana.org.



Aqui está a tradução:

-->
Tradução da entrevista com o Prof. Mark Greenberg:

Mariana Arantes: Em primeiro lugar, é um prazer conhecê-lo e recebê-lo aqui no Brasil. Gostaria de agradecer por seu tempo e por ter vindo compartilhar seu conhecimento conosco. Eu sou jornalista aqui no Brasil e estudo na Universidade Federal de Pernambuco. Faço pós-graduação em Educação. Me interesso por Educação Emocional e também por Comunicação. Tenho um profundo interesse em saber porque algumas pessoas conseguem se comunicar melhor do que outras. E um dos problemas que mais ouço as pessoas dizerem é: "Eu não consigo controlar as minhas emoções!". Então, eu pergunto, por quê? Por que é tão difícil? Por que nunca aprendemos sobre como lidar com as nossas emoções, na sua opinião?

Mark Greenberg: A questão da educação emocional é muito interessante. Eu acho que no passado, os meios de regulação da nossa sociedade eram muito diferentes. Vivíamos em locais pequenos, pequenas comunidades e bem estáveis. E se nós não controlássemos as nossas emoções muito bem, as pessoas eram muito prestativas, eram situações fáceis de lidar. Mas agora, vivemos numa sociedade extremamente complexa. E nesta sociedade complexa, as famílias estão se mudando, as escolas estão mudando e as pessoas estão bastante estressadas. Então, não se dá mais tanta atenção ao indivíduo como antigamente. Então, eu acho que parte do problema é devido ao estilo da vida moderna. Mas também é um problema de evolução, de como nos desenvolvemos como seres humanos, nós nos aprofundamos em nossa vida interior, e portanto, a expressão de nossas emoções se torna mais importante.

Mariana Arantes: Quando trazemos isso para o campo da Educação, este problema parece ser maior. Na sua opinião, quais são as contribuições que os benefícios que a autorregulamentação das nossas emoções trazem para a comunicação entre professores e alunos?

Mark Greenberg: Nós sabemos que as crianças que sabem regular melhor as suas emoções, e nós podemos ensiná-las a fazer isso, lidam melhor com seus amigos e também com seus professores. E também podem aprender mais. O ganho extraordinário disso é que as crianças que lidam com suas emoções com maior eficiência prestam mais atenção. Dedicam-se mais às aulas e dedicam-se mais aos relacionamentos. Então, elas aprendem mais. Existe uma relação direta entre o desenvolvimento emocional, a regulação das emoções e o aprendizado. E por isso, o interesse das pessoas tem aumentado sobre isso. As pessoas querem atingir seus objetivos, isso em relação às metas nas escolas. E agora, as pessoas estão também descobrindo que as crianças que sabem lidar com as próprias emoções aprendem melhor. A educação sobre as emoções tem se tornado mais importante.

Mariana Arantes: Compreendo. E o quão distante o senhor acredita que nós estamos de ter consciência da importância da educação emocional nas escolas?

Mark Greenberg: Eu acho que estamos apenas começando. Há 10 ou 20 anos mal tínhamos evidências que a educação sobre as emoções poderia fazer alguma diferença. Agora, sabemos que pode. Sabemos que os professores aprendem a como falar com as crianças sobre as emoções, que aprendem a ensiná-las sobre com ter mais autocontrole, que também aprendem a ensinar como melhorar seus relacionamentos e sabemos que as crianças aprendem mais. E agora que nós sabemos de tudo isso, estamos começando o caminho do desenvolvimento. Essa já é uma realidade nos Estados Unidos, na Inglaterra, na Europa, na Austrália, Hong Kong, Singapura… e também está começando a ser na América do Sul. O Peru, por exemplo, já despertou para isso. Eles perceberam que a natureza de sua nação neste século dependerá em boa parte da educação emocional de suas crianças, pois isso facilita a comunicação entre as pessoas, o trabalho em grupo, a resolução de problemas de modo criativo. Esses são requisitos para se comunicar bem e trabalhar intensamente juntos. Ou seja, estamos falando de habilidades para o século XXI, e a educação emocional é uma das mais importantes.

Mariana Arantes: Realmente. Meu interesse no mestrado é descobrir inclusive no Brasil, como os pesquisadores definem esta questão da educação emocional, porque nós achamos muitos termos para falar do mesmo assunto: inteligência emocional, inteligência social ou quaisquer outras palavras similares. Então, uma última pergunta, por favor: Como o senhor se sente com relação ao lançamento da edição brasileira do PATHS?

Mark Greenberg: Isso é muito emocionante! Fiquei bastante impressionado com o imenso trabalho que o Prof. Dr. Policarpo fez para traduzir para o português. Essa é a mais nova edição! Já foi traduzido para o coreano, chinês, espanhol, alemão, muitos idiomas. Mas eu acho que esta versão em português é muito especial porque o Brasil é uma das maiores e mais importantes nações do mundo. O Brasil está se tornando uma nação mais moderna muito rapidamente. Então, ter esta versão em português acho que será muito útil para as crianças brasileiras.

Mariana Arantes: Está bem, mais uma vez muito obrigada pela entrevista. Tenha uma boa estada no Brasil. Foi um prazer.

Nenhum comentário:

Postar um comentário